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29 de agosto de 2019
Ao meu Pai
De todos os verões e outro tempo nenhum
Todos os dias me visitas, a mão estendida com que atas todas as coisas do meu mundo. Não me verga a velhice ou o peso da pele porque o mar voa sobre as rochas hoje como dantes, nesse tempo em que eras gigante e eu o menino frágil que guardavas na concha da tua mão.
E avanço na leveza das nuvens que habitas pisando um chão que se tornou a única paisagem que procuro e onde nada me dói, já, nada senão os olhos cansados de te saberem, de te recordarem, mas de te não verem. Quando te toco, morro devagar, mas sei que nunca me deixarás morrer só, por isso, hoje, Pai, nada mais me resta do que esperar que me visites em cada um dos nossos verões, esse tempo solto, cheio de pontas, um pouco imperfeito até, mas que é o meu modo de amar.